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Os desafios do reprocessamento dos endoscópios

A falha em desinfetar ou esterilizar adequadamente equipamentos médicos reutilizáveis acarreta um risco associado à violação das barreiras do hospedeiro. Spaulding acreditava que a natureza da desinfecção poderia ser compreendida mais facilmente se os instrumentais e artigos fossem divididos em três categorias: críticos, semicríticos e não críticos. O critério para categorização é justamente a utilização com base no grau de risco de infecção envolvido no uso.

O nível de desinfecção ou esterilização depende do uso pretendido do objeto: artigos críticos (como instrumentais cirúrgicos, que entram em contato com tecido estéril), artigos semicríticos (como endoscópios, que entram em contato com membranas mucosas) e artigos não críticos (como estetoscópios), que entram em contato apenas com a pele intacta, requerem esterilização, desinfecção de alto nível e desinfecção de baixo nível, respectivamente. 

Artigos semicríticos, como endoscópios, desempenham um papel crucial nos procedimentos médicos, mas a sua limpeza e desinfecção adequadas apresentam desafios significativos. Em um estudo no Brasil, por regiões, foi estimado a média nacional de exames de endoscopias foi de 550 exames/100 mil habitantes/ano, mostrando a importância do correto reprocessamento dos endoscópios, dado o grande número de procedimentos realizados. 

A RDC 6 de 10 de fevereiro de 2013, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), estabelece requisitos rigorosos para a limpeza e desinfecção de equipamentos médicos, incluindo endoscópios. O correto reprocessamento desses dispositivos é essencial para prevenir infecções associadas aos cuidados de saúde, assegurando a segurança dos pacientes e a eficácia dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos. 

Desafios:

Os endoscópios, incluindo os duodenoscópios, têm designs complexos que dificultam a limpeza completa. Por exemplo, o canal elevador dos duodenoscópios é particularmente difícil de limpar de forma eficaz. Estas características de design podem reter detritos orgânicos e microorganismos, dificultando a desinfecção adequada. Um surto infeccioso por Klebsiella pneumoniae produtora de carbapenemase (KPC), envolvendo sete pacientes, em que um dos casos culminou em óbito. O surto foi relacionado à limpeza inadequada do canal do elevador, por ausência de escovação deste no duodenoscópio. 

A limpeza inadequada é um desafio comum. A sujeira residual pode proteger os microorganismos do desinfetante, formando o biofilme, tornando sua remoção difícil. A limpeza adequada antes da desinfecção é essencial para remover matéria orgânica e garantir uma desinfecção de alto nível bem-sucedida.  

Em um artigo de revisão sistemática, o autor refere que o maior número de fragilidades encontradas no reprocessamento de endoscópios foi na etapa de limpeza manual. Provavelmente isso decorre dos inúmeros passos inerentes a essa etapa, que exige treinamento sistemático para a realização adequada. Inconformidades como não remoção de todas as válvulas para realização da limpeza, além da não realização de fricção externa dos endoscópios foram as mais evidenciadas. Assim, como na limpeza, a etapa de desinfecção também apresentou número considerável de gaps, entre os trabalhos analisados.  

Para que a desinfecção de alto nível através do desinfetante seja eficaz, várias etapas devem ser seguidas, como: compatibilidade do agente desinfetante com o equipamento, a rotina de verificação da sua concentração e o tempo correto de contato com o endoscópio. 

A ausência ou a falha na monitorização diária da concentração mínima eficaz do desinfetante contribui para riscos de diluição inadequada do produto devido a sua frequente reutilização, o que pode impactar na sua eficácia. Nesse sentido, caso a concentração mínima não seja obtida, a solução deve ser descartada imediatamente independente do seu tempo de diluição ou data de validade. É valido citar que para uma desinfecção efetiva, é imprescindível garantir que o endoscópio seja totalmente submerso na solução desinfetante, de modo que todas as suas superfícies e canais estejam em contato com o produto, conforme o tempo recomendado pelo fabricante. 

A contaminação cruzada pode ocorrer durante o enxágue com água se os protocolos adequados não forem seguidos. A água de enxágue deve estar livre de contaminantes para evitar recontaminação. 

Após o reprocessamento, o armazenamento adequado é crucial. Não armazenar dispositivos reprocessados e secos em uma área limpa pode levar à recontaminação. Além disso, dispositivos úmidos podem apresentar crescimento excessivo de bactérias e fungos durante o armazenamento. 

Em resumo, os desafios da limpeza de artigos semicríticos como endoscópios envolvem projetos complexos, limpeza adequada, preparação de desinfetantes, exposição e práticas de armazenamento. As instalações de saúde devem aderir às diretrizes e melhores práticas para garantir a segurança do paciente e prevenir infecções. A adesão a estas recomendações deverá melhorar as práticas de desinfecção e esterilização nas instalações de cuidados de saúde, reduzindo assim as infecções associadas a artigos contaminados de cuidados aos pacientes.

A Vic Pharma by schülke oferece o pacote de soluções completos para seu serviço de endoscopia, além de contar com uma equipe de consultores técnicos que apoiam com treinamentos, atualizações e capacitações da equipe de nossos clientes para utilização correta dos produtos e garantem o correto cumprimento de todas as normas e diretrizes da ANVISA. Contem com a Vic Pharma by schülke pois nossa missão é proteger vidas ao redor de todo o mundo. 

Referências:

William A. Rutala, David J. Weber, Desinfecção e esterilização em instalações de saúde: o que os clínicos precisam saber, Doenças infecciosas clínicas , Volume 39, Edição 5, 1 de setembro de 2004, Páginas 702–709, https://doi.org/10.1086/423182 

Madureira RAS e Oliveira AC. Processamento endoscópico: quais são os gaps na prática clínica? Rev. Eletr. Enferm., 2021; 23:66550, 1-13.  

L. N. Taveira, T. C. Ricci, M. T. A. Queiroz, J. M. R. Zeitune. Endoscopia Digestiva Alta na Rede Pública de Saúde do Brasil – Análise quantitativa por Estados e Regiões do país. GED gastroenterol. endosc.dig. 2011: 30(4):142-147 

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Resolução da Diretoria Colegiada – RDC n° 6, de 1º de março de 2013, dispõe sobre os requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os serviços de endoscopia com via de acesso ao organismo por orifícios exclusivamente naturais. 

CDC ICAR Tool for General Infection and Control (IPC) Across settings (https://www.cdc.gov/infection-control/media/pdfs/IPC-mod5-disinfection-sterilization-508.pdf

Superbugs on Duodenoscopes: the Challenge of Cleaning and Disinfection https://journals.asm.org/doi/pdf/10.1128/jcm.01394-15 

 Standards for Infection Control and Reprocessing of Flexible Endoscopes – SGNA  

https://ints.org.br/wp-content/uploads/2023/02/MN.ENF_.002-02-Manual-de-Normas-e-Rotinas-do-Servico-de-Endoscopia.pdf

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